O artigo se propõe a examinar os conteúdos presentes em grupos de eleitores classificados por seu posicionamento semelhante no contínuo da escala esquerda-direita. A hipótese é a de que o uso desta escala tem pouca capacidade para explicar a agregação dos eleitores em termos de ideologia. Neste sentido, a auto-localização do eleitor nesta escala tende mais a ser indicador de uma lógica da divisão da política em termos gerais de situação e oposição, do que reflexo de opiniões semelhantes perante temas políticos e valores, que produziriam comportamentos ideologicamente orientados. Analisando pesquisas qualitativas e surveys realizados na cidade de Belo Horizonte (capital de Minas Gerais, Brasil), foi constatado que a variável de auto-posicionamento é mais um indicador de avaliação dos governantes e de confiança institucional do que de fatores ideológicos que expressem conservadorismo político ou liberalismo econômico. Assim, é indicado que os estudos sobre o impacto da ideologia na decisão do voto façam uso de outros indicadores, que agreguem, quando possível, variáveis de cunho ideológico claro e direto.
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